quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Diário de Bordo - Parte 8 - 18 de julho




Navegando, 18 de julho de 2008 (sexta-feira)

Dia 15- No café da manhã só se falava da festa do dia anterior, das fantasias criativas, dos novos namoros, dos que se excederam na bebida, enfim, tudo virava fofoca. As pessoas reclamavam minha ausência nestes eventos, eu anda tinha mais ainda teriam 5 meses pela frente no navio, haveria bastante tempo para outras festas. Meu organismo ainda não estava adaptado ao turbilhão de mudanças que vinha sofrendo, eu me sentia sempre cansada e sonolenta. Dois dias atrás perguntei ao meu diretor e a um os gerentes quais providencias eu deveria tomar para o Serviço Sabático, eles apenas me responderam que eu deveria enviar um e-mail lembrando alguns departamentos envolvidos sobre a hora e o local na própria sexta feira. Neste mesmo dia pela manhã enviei um e-mail para os dois tentando saber o local e o horário do evento, ninguém me respondeu. Me sentindo exausta, para variar, fui dormir um por volta de 14h, estava com dor de cabeça da noite mal dormida já que a agitação da minha companheira e das cabines vizinhas. Às 17h acordei com o bip tocando, retornei a chamada e era um dos ajudantes do gerente de entretenimento questionando se eu havia avisado os departamentos sobre o Serviço Sabático, que aconteceria em um dos teatros neste mesmo dia às 18h. Imagine como fiquei irritada, calmamente respondi que havia informações e não recebi, não sabia que acontecia naquele dia, mas que colocaria meu uniforme formal e em 15 minutos estaria em meu escritório enviando este e-mail. Lavei a “cara amassada”, me arrumei correndo, subi para o escritório e às 17h15 eu estava enviando o e-mail aos departamentos envolvidos com as informações. Fiquei extremamente preocupada, pensando se as pessoas leriam a tempo, tínhamos um grupo de 15 hóspedes que confirmaram a participação, tinha meus e-mails pedindo ajuda como prova de que não falhei por negligencia. As 18h fui ao teatro verificar como estavam as coisas os hospedes estavam lá e estava tudo arrumado, pelo menos alguns departamentos eram eficientes apesar do atraso no aviso.


Pensei que ia dormir cedo e recebi um e-mail informando que este era meu dia de inspeção junto com a gerente de treinamento, liguei para ela, eu não sabia do que se tratava e ela me pediu para ir até o escritório dela às 21h30. Então descobri que esta era uma inspeção geral do navio que ocorre diariamente, sempre realizada por um gerente ou coordenador e um assistente (neste caso – eu !!!). Como éramos muitos cada um deveria fazer isto uma vez por mês. A inspeção deve iniciar as 22h e terminar à 1h da manhã do dia seguinte. Eu estava exausta da noite anterior e pelo susto de ter acordado as pressas à tarde. E agora esta noticia!!! Nossa, queria dar um “piti”, mas esta gerente observava detalhes errados em todo mundo e já havia chamado minha atenção algumas vezes por pequenas bobagens, o tamanho do brinco, a cor das meias, o relógio esportivo com uniforme formal. Apenas sorri e fiz piada com a situação. Lá fomos nós, começamos pelo andar zero e ela anotava tudo, parede descascada no cantinho aqui, limo no cantinho ali, uma lâmpada queimada acolá e assim caminhamos do andar zero até o décimo primeiro andar subindo pelas escadas até 23h45. Ela foi generosa e me disse que estava acostumada a fazer isto, mas, como era minha primeira vez perguntou se eu queria parar por uma hora, claro que eu aceite, voltei a minha cabine, tomei um banho e tirei aquele desconfortável uniforme, meu vesti um jeans preto, camisa preta, um tênis e uma bijuteria bonita, maquiagem de nov e vamos lá para a segunda parte.
nov e vamos lá para a segunda parte.
Nesta parte deveríamos sentar em um dos bares e pedir uma bebida sem que os garçons percebessem que era uma inspeção. Então sentamos na discoteca que fica no último andar, o 11º e ficamos conversando por 40minutos, este foi até um bom tempo juntas. Ela me falou um pouco de sua vida no navio com apenas 30 anos de idade e a responsabilidade de treinar todos os funcionários que chegam a bordo, de como se sentia sozinha, já que nenhum homem se aproximava dela. Eu falei da minha vida no Brasil e como sentia saudades da minha família, minha mãe, meus amigos, minha rotina e a faculdade, e do meu namorado. O cansaço e o drink nos deixaram mais a vontade para rir e fazer piada de algumas situações confusas do navio. No final ela me disse que às vezes se sente mal, pois o papel dela é mesmo ser a chata que repreende todo mundo o tempo todo, mas ela queria me dizer que às vezes ela repreende mais quem ela observa ter potencial, mesmo parecendo um elogio confesso que era incomodo muitas vezes passar ao lado dela ter sempre que ouvir uma correção.

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