terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Diário de Bordo - Parte 3 - 09 e 10 de julho


Parte 3 – DESCOBRINDO UMA CIDADE MEDIEVAL
Navegando, 09 de julho de 2008 (quarta-feira)


Dia 6 – Neste dia acordei com uma dor de cabeça insuportável e tínhamos treinamento de segurança nas áreas externas do navio, apesar de respirar melhor do lado de fora a luz do sol me incomodava muito, só pensava em voltar para a minha cama, depois do treinamento ainda tive uma longa manhã de trabalho mesmo com a cabeça latejando. Mas qual a secretária que nunca foi trabalhar em condições físicas debilitadas por conta da responsabilidade com o trabalho?
As enfermeiras já tinham me empurrado muito remédio para gripe e pastilhas para a garganta, mas eu estava piorando e decidi ir ao médico às 15h, quando o médico me atendeu diagnosticou que eu estava com uma enorme alergia, e piorava a cada dia pois estava ingerindo o medicamento errado. O médico demonstrou preocupação e me mandou descansar, mas eu tinha mais treinamento à tarde, éramos obrigados a comparecer. Após o treinamento e de tomar o remédio para a alergia deixei um bilhete no setor e fui dormir, duas horas, seria mais honesto dizer que eu simplesmente apaguei e quando acordei me sentia outra pessoa, o medicamento estava funcionando bem. Talvez este tenha sido o primeiro dia em que consegui comer um pouco melhor, ao contrário do que todos pensam a comida para tripulantes não é uma maravilha de sabor. Além do excesso de gordura na cozinha tempero se confunde com pimenta, vegetais e frutas enormes e coloridos são importados de países distantes, passam muito tempo congelados e quando chegam as nossas mesas já não tem sabor, e café, paixão de qualquer brasileiro... sem comentários eu diria que você só bebe porque se acostuma. Imagine doente, congestionada e sem paladar, com saudades de casa, não tinha vontade de comer mesmo. Depois de 19h voltei ao trabalho e ficamos no escritório até 21h30, fomos assistir a um pequeno show de meia hora e voltamos ao trabalho para fechar alguns assuntos. Já eram quase 23h quando voltei para cabine e descobri que a chave magnética da porta havia desmagnetizado, perdi mais 40 minutos buscando alguém que abrisse a porta para mim e só consegui a ajuda do gerente do setor de governança, a segurança que é responsável em abrir a porta em uma situação como estas nunca apareceu para me ajudar.







Split - Croácia, 10 de julho de 2008 (quinta-feira)
Dia 7 – Chegamos nesta cidade incrível na Croácia, o cais é pequeno e o navio fica próximo, porém não atraca. O antialérgico me deixava meio sonolenta e eu tive dificuldades em levantar da cama, tomei um café da manhã corrido e lá estava eu em mais um treinamento.
Às 11h30 finalmente estava no departamento e a administradora de entretenimentos sugeriu encerrar o expediente da manhã às 13h para que eu pudesse conhecer segundo ela a melhor pizza da Europa. Eu concordei, mais tempo fora do navio era um alívio e uma comida diferente muito, muito bem-vinda.
Pegamos os barcos salva-vidas para ir do navio ao cais e saborear a tal pizza croata, realmente, se for a Croácia experimente a pizza local, é maravilhosa. O grupo era composto por seis pessoas, todos quiseram voltar para o navio logo a seguir do almoço. A bordo o ritmo é trabalho acontece de acordo com os horários de movimento dos hóspedes, já que nos momentos em que o navio atraca os hóspedes saem para passear trabalhamos intensamente pela manhã e a noite. O que cria na tripulação o hábito de dormir na parte da tarde, eu tentava não adquirir este hábito, senão ia sofrer as conseqüências ao retornar ao Brasil e a minha rotina normal de trabalho, além do mais a comida calórica do navio ia me engordando gradativamente. O grupo voltou ao navio e eu continuei caminhando pelas ruas do local, o local era murado por um castelo, tudo era diferente para mim, estava muito curiosa observar o que acontecia por ali.


Na Croácia eles não utilizam o Euro, apenas sua moeda local, Kunas, apenas alguns lugares que recebem muitos turistas aceitam Euros ou dólares, já que a pizzaria foi paga com Euros e não sabia que deveria trocar algumas Kunas se quisesse comprar algo. Enquanto estava sozinha sai a procura de peças de roupas que eu deveria usar no navio e não tinha sido avisada para levar, não encontrei nada que me agrada-se mas encontrei uma loja de cosméticos interessante. Ora, como qualquer mulher, rapidamente achei algo ali que queria comprar, mesmo sem entender uma linha do que estava escrito, já que todas as embalagens estavam escritas em croata. Fui procurando uma marca conhecida um logotipo que existisse no Brasil, qualquer coisa que parecesse familiar. As vendedoras ignoram a sua presença, se quiser ser atendida peça e em alguns casos implore, elas conversam entre elas sem ao menos perceber se o cliente precisa delas ou não. Depois da escolha quando fui pagar em Euros ainda ouvi uns gritos em croata da gerente, nossa como senti falta do jeitinho atencioso de qualquer comerciante no Brasil, pedi que ela se comunicasse em inglês, em um país em que todo mundo é branco era óbvio que eu visita por ali. Ela nem queria saber, estava irritada, esperei ela terminar o piti, as vendedoras me olhavam constrangidas e disse novamente que não falava a língua dela e que ela deveria falar em inglês para estabelecermos uma comunicação, ela ficou meio sem jeito e me disse que não aceitavam Euros.
Como poderíamos resolver? Uma jovem vendedora se ofereceu para me acompanhar até uma casa de câmbio na mesma rua e em dois minutos estávamos de volta a loja para pagar minha compra. Split é uma bela cidade, o porto é muito bem organizado, a pizza é uma das mais saborosas e farta que já comi, mas o atendimento de nosso setor comercial no Brasil teria muito a ensinar ao povo dali.
À noite mais correria de um lado para o outro para aprender mais coisas novas era uma corrida contra o tempo que não era suficiente para sanar as minhas dúvidas, havia uma promessa de que uma coordenadora que treina pessoas na minha função viria me treinar melhor depois de duas semanas, mas como me virar sem ter com quem tirar dúvidas durante este período sozinha?


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