terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Diário de Bordo - Parte 4 - 11 e 12 de julho






Parte 4 – ASSUMINDO O SETOR
Veneza -Italia, 11 de julho de 2008 (sexta-feira)

Dia 8 – Este foi o dia em que a administradora de entretenimentos saiu do navio e eu tive que começar a usar meu uniforme já que a posição era agora oficialmente minha. Aquela roupa parecia confortável, mas quando tive que usar uma bermudinha que não se ajusta a quadris latinos já que foi desenhada para o tipo físico americano e uma camisa pólo de malha grossa senti falta dos meus terninhos e vestidinhos que usava enquanto secretária. Felizmente a noite tinha a opção de usar minhas próprias roupas, apenas no 1º dia de cada novo cruzeiro era obrigada a usar outro uniforme mais desconfortável que a bermuda. Neste dia eu realmente me senti perdida, não tivemos tempo de ver todo o trabalho, fiquei com um livro de anotações que eram pouco esclarecedoras, não havia seqüência no livro nem na rotina de trabalho e eu perdia mais tempo procurando a informação ali do que se tentasse buscar no computador em arquivos antigos, mas eu tinha que me virar. Os gerentes apenas diziam, não se preocupe, daqui a duas semanas outra pessoa embarca para ajudar você, vida de navio é assim mesmo, uma desordem que estressa, mas no final dá certo. Eu tentava não surtar com as respostas e andava pelo navio incomodando pessoas de vários departamentos com perguntas para entender o uso deste sistema, ou como lidar com aquele assunto.



Mudei para a minha cabine definitiva, mais espaço vista externa melhor que a anterior esta ficava no 2º andar a outra ficava no 1º andar, mas minha nova companheira era uma inglesa. Apesar de muito simpática já na mudança percebi que ia encontrar muitas diferenças. A cabine parecia um camarim de circo, uma bagunça completa, perucas coloridas penduradas pelas paredes, maquiagem para um lado, sapatos pelo meio do caminho. Tentei ignorar, coloquei minhas malas e me dirigi ao escritório eu tinha que encontrar uma maneira de viver em paz ali, a inglesa era ótima pessoa, agora tinha que lidar com nossas diferenças de hábitos.


Logo depois do almoço fui arrumar as minhas coisas na cabine e sutilmente coloquei uma coisa ou outra dela no lugar. Ela percebeu a indireta, se desculpou e prometeu arrumar a confusão. À noite tivemos uma reunião no teatro com todos os gerentes, nosso departamento era composto de sessenta e um funcionários, este diretor fazia reuniões semanais para tentar ter o controle do que acontecia em cada subdivisão do setor.




Split - Croácia, 12 de julho de 2008 (sábado)

Dia 9 – Novamente estávamos neste porto e na parte da manhã tivemos o treinamento de emergência, todos os tripulantes participam de dois treinamentos de emergência por semana, um com funcionários e hóspedes e outro apenas para funcionários. Os meus treinamentos de normas e procedimentos ainda estavam acontecendo, já era uma tortura ter que voltar para aquela sala na penumbra para assistir vídeos de assuntos mais variados que se possa imaginar. Os assuntos até eram interessantes, o problema era a carga horária de treinamentos todos os dias somados a horas de trabalho e o treinamento do seu próprio setor, chega um momento que a sua mente não quer assimilar mais nada.


A coisa que mais me impressionou foi o fato de sermos cobrados a cuidar cada um de si e do seu companheiro, se o seu companheiro de cabine faz algo errado e você não relata a um superior ambos podem tomar uma advertência você é responsável por você e pelo próximo, dependendo do tipo de infração cometida ambos podem ser demitidos.
Hoje era novamente o dia da festa para os casais em lua de mel e comemoração de bodas, a festa era sempre na danceteria no 11º andar por volta de 20h, já que no verão os dias são muito longos o entardecer ali era sempre lindo e a noite só chegava às 21h, no final da nossa festa. Eu era encarregada da festa junto com Gerente de Entretenimento, ele era uma figura engraçada, pele clara, bochechas rosadas, falante, sempre sorrindo e conversando naturalmente com todo mundo como se fossem amigos íntimos. A festa aconteceu um pouco na correria, já estava ali por sete dias e ainda me perdia várias vezes naqueles corredores.
No final a festa foi um sucesso, participamos eu o Gerente de Entretenimento (americano) e um assistente de entretenimento (italiano), tínhamos três idiomas na festa e isto agradou os hospedes presentes, este cruzeiro estava lotado de português, italianos, canadenses e americanos, alguns brasileiros porém nenhum nesta comemoração.

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