quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Vocabulário Economês - de A a D

Fonte: Traduzindo o Economês para entender a economia brasileira na época da globalização
de Paulo Sandroni

De A a D
Se você ouvir falar em:
AFTER MARKET. Expressão em inglês que signi­fica, literalmente, “depois do mercado”, consiste nas operações realizadas pela Bolsa de Valores de São Pau­lo (Bovespa) e as corretoras credenciadas, depois do encerramento do pregão normal (entre 11:00 e 18:00). Os negócios são realizados pela Internet e têm início às 19:00, prosseguindo até as 22:00. Existem restrições para a operação no after market: os negócios não podem superar os R$ 50 mil por operador e as cotações não podem variar mais de 2% para mais ou para menos daquelas registradas no fechamento do pregão regular. Para os dirigentes da Bolsa de Valores, o também cha­mado Pregão Noturno tem mais o efeito de iniciação ou de treinamento do que de uma fórmula que subs­titua o pregão normal.
AGÊNCIAS DE CRÉDITO (RATING). São agên­cias internacionais de avaliação de crédito que depois de examinar a situação econômica e financeira de paí­ses, empresas, instituições etc. aconselham seus clien­tes a investir ou não nesses mercados, ou avisam sobre o risco existente nos investimentos.
AGENDA 21. Denominação dada a um documento assinado entre os governos de 170 países que se reu­niram na Conferência Mundial do Meio Ambiente, rea­lizada no Rio de Janeiro em 1992, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável no mundo a partir do século XXI. Isso significa que cada um dos seus signatários, dentro dos prazos definidos, adotará um conjunto de atitudes e procedimentos incorpora­dos às suas políticas visando melhorar a qualidade de vida no planeta.
ÁGIO. De origem italiana, este termo foi usado an­tigamente em Veneza para designar a diferença na troca entre moedas depreciadas e o metal do qual eram constituídas. Essas trocas eram efetuadas pelos bancos de Veneza, de Hamburgo, de Gênova, de Amsterdã e de outras cidades comerciais e financeiras; e esses bancos fixavam o ágio em cada caso. De forma gené­rica, o ágio significa um prêmio resultante da troca de um valor (moedas, ações, títulos etc.) por outro. No comércio internacional de moedas é a diferença entre o valor nominal e o real da moeda negociada. O ágio pode surgir também quando o preço oficial de um produto (ou preço de tabela) está fixado num nível muito baixo e sua compra só se concretiza se o inte­ressado estiver disposto a pagar mais por essa transação. A diferença entre o preço oficial e o que o com­prador realmente paga é considerada o ágio daquela transação. Esse tipo de fenômeno ocorre quando há tabelamento ou congelamento de preços, como acon­teceu durante os planos econômicos de estabilização no Brasil durante os anos 80 — sobretudo durante o Plano Cruzado, em 1986, e no início dos anos 90 com o Plano Collor. O ágio pode aparecer nesse contexto também quando, embora não haja congelamento, exis­te uma forte descompensação entre oferta e demanda, como aconteceu durante os primeiros meses do Plano Real com a aquisição de automóveis populares. Quan­do em vez de um preço maior paga-se um preço menor por um título, uma ação ou uma moeda, ocorre um “deságio”.
AJUSTE FISCAL. É a ação de governo voltada para a criação de mecanismos e políticas que reduzam ou eliminem o déficit público. O ajuste fiscal passa necessariamente pelo aumento da receita (em geral pelo aumento dos impostos e contribuições) e pela redução das despesas, geralmente cortando recursos das ativi­dades governamentais como saúde, educação, trans­portes, pessoal etc.
BRADIES. São os títulos da dívida externa brasi­leira. Eles foram apelidados de bradies logo após a ade­são do Brasil ao Plano Brady em 1994 e o seu lança­mento no mercado. O Plano Brady foi idealizado por Nicholas Brady, ex-secretário do Tesouro dos EUA. Ele conseguiu refinanciar vários países endividados ao propor aos bancos credores que abrissem mão de uma parte dos créditos a receber em troca de novos títulos lastreados por papéis do Tesouro dos EUA, con­siderados de risco zero pelo mercado. O Brasil emitiu cerca de US$ 50 bilhões de bradies. No mercado inter­nacional da dívida externa brasileira há oito tipos de papéis conhecidos por nomes diferentes e que se di­videm em várias modalidades, sendo o mais conhecido o C-BOND (Front-Loaded Interest Reduction with Capitalization Bond).
CAPACIDADE OCIOSA. É a diferença existente entre o volume efetivo da produção e o que seria pos­sível produzir com a capacidade instalada. Se, por exemplo, uma indústria de televisores possui equipa­mentos capazes de produzir mil aparelhos por mês, mas só fabrica oitocentos, sua capacidade ociosa é de 20%. O conceito é geralmente aplicado nas atividades industriais, mas vale também para outros setores. Nos países altamente industrializados, o aumento da ca­pacidade ociosa é sintoma de recessão econômica e de desemprego. Nos países em desenvolvimento re­flete também um planejamento inadequado, um super dimensionamento da maquinaria, escassez de ma­térias-primas e estreiteza do mercado, ou ainda a exis­tência de outros tipos de gargalos; pode ainda fazer parte de manobras monopolistas visando aumentos de preços ou a manutenção de preços altos pela con­tração artificial da oferta.
CIMEIRA. Significa uma reunião de cúpula ou do mais alto nível entre representantes de governos ou de instituições políticas ou econômicas. O termo — de uso corrente em Portugal — passou a ser utilizado no Brasil a partir da Cimeira América Latina-Caribe-União Européia, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1999, na qual foram discutidas várias questões re­lacionadas com uma maior integração entre o Mercosul e a União Européia e uma ação conjunta dos 48 países representados nessa reunião em face da OMC (Organização Mundial do Comércio).
COMMODITY (COMMODITIES). Em inglês, este termo significa, literalmente, “mercadoria”. Nas rela­ções comerciais internacionais, o termo designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou pro­duto primário de importância comercial, como é o caso do petróleo, da carne, do café, do chá, da lã, do algo­dão, da juta, do estanho, do cobre etc. Alguns centros se notabilizaram como importantes mercados desses produtos (commodity exchange). Londres, pela tradição colonial e comercial britânica, é um dos mais antigos centros de compra e venda de commodities, grande par­te das quais nem sequer passa por seu porto.
CONSENSO DE WASHINGTON. Foi a denomi­nação dada ao conjunto de trabalhos e resultados de reuniões de economistas do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Bird (Banco Internacional para a Re­construção e o Desenvolvimento, também chamado de Banco Mundial) e do Tesouro dos Estados Unidos realizadas em Washington no início dos anos 90. Des­sas reuniões surgiram recomendações dos países de­senvolvidos para que os demais, sobretudo aqueles em desenvolvimento, adotassem políticas de abertura de seus mercados e o Estado Mínimo, isto é, um Estado com um mínimo de atribuições (privatizando as ati­vidades produtivas) e portanto com um mínimo de despesas, como forma de solucionar os problemas re­lacionados com a crise fiscal. Embora os países que seguiram tal receituário tenham tido sucesso no combate à in­flação, no plano social as conseqüências foram desalentadoras: um misto de desemprego, recessão e baixos salários revela a outra face dessa moeda.
CORE INFLATION. Trata-se de uma expressão em inglês que significa “núcleo da inflação” e é utilizada quando os índices inflacionários são expurgados de preços de produtos ou serviços de elevada volatilida­de, isto é, que podem sofrer grandes variações devido, por exemplo, a fatores climáticos, como é o caso das verduras e legumes. A core inflation tende a ser utili­zada quando um governo estabelece metas de inflação (target inflation) e deseja evitar que essas metas sejam ultrapassadas por fatores acidentais relacionados com fortes oscilações de determinados preços. Por outro lado, essa forma de apuração da inflação permitiria antever a inflação — sobretudo o custo de vida — a médio e longo prazo.
CRISE DE INSOLVÊNCIA. É uma situação na qual um país deixa de pagar suas dívidas. Isto é, encon­tra-se impossibilitado de pagar seus compromissos ex­ternos, tais como as amortizações da dívida externa, as remessas dos respectivos juros, os contratos de im­portações etc., por não dispor de moedas fortes (dó­lares, marcos, ienes etc.) para fazê-lo. Dessa maneira, a economia entra em crise, geralmente acompanhada de uma forte desvalorização cambial.
DÉFICIT. Em linguagem corrente, é um excesso de despesas em relação às receitas. Em linguagem con­tábil, é um excesso de passivo em relação ao ativo, isto é, as despesas e pagamentos são maiores que o faturamento e o total de crédito. Nas finanças públicas, fala-se em déficit orçamentário quando as despesas são superiores à arrecadação, e em déficit da balança comercial quando o valor total das importações é su­perior ao total das exportações. Nas contas do governo, o déficit pode ser considerado déficit primário quando inclui todas as receitas e todas as despesas do governo menos os juros, e déficit nominal (ou operacional) quando são incluídas as despesas com juros das dívi­das interna e externa do setor público.
DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES. É também denominado déficit em conta corrente, e cons­titui aquele que ocorre quando a soma das balanças comercial, de serviços e de transferências unilaterais do Balanço de Pagamentos mostra um resultado ne­gativo, isto é, deficitário. Quando os jornais anunciam um déficit no Balanço de Pagamentos, estão se refe­rindo geralmente ao déficit em transações correntes, e não ao resultado final desse balanço.
DERIVATIVOS. São operações financeiras cujo va­lor de negociação deriva (daí o nome derivativos) de outros ativos, denominados ativos-objeto, com a fina­lidade de assumir, limitar ou transferir riscos. Abran­gem um amplo leque de operações: a termo, futuros, opções e swaps, tanto de commodities quanto de ativos financeiros, como taxas de juros, cotações futuras de índices etc. A utilização ampliada dos derivativos no mundo todo tem gerado uma preocupação crescente por parte dos bancos centrais, autoridades monetárias e de supervisão bancária, dada a dificuldade de ava­liação de sua dimensão e suas conseqüências em ter­mos de riscos, na medida em que as atividades finan­ceiras tornam-se cada vez mais globalizadas.
DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS E FUN­ÇÕES. Esta expressão está ligada à divisão dos recursos e funções entre a União, os Estados e os municípios. A Constituição de 1967 foi centralizadora desses re­cursos e funções em favor da União e em detrimento de Estados e municípios, enquanto a de 1988 foi descentralizadora, isto é, criou dispositivos restaurando a situação anterior a 1967. Por exemplo, a partir de 1988 algumas funções na esfera da educação e da saú­de foram descentralizadas. Ao mesmo tempo alguns tributos antes apropriados pela União passaram à es­fera estadual e municipal, como, por exemplo, aqueles sobre combustíveis, eletricidade, minérios e telecomu­nicações. A idéia que justificaria a descentralização é que o município ou o Estado administram melhor os recursos destinados a serviços diretamente associados com a vida dos cidadãos, como é o caso da saúde e da educação.
DOW JONES. Denominação de um índice utilizado para o acompanhamento da evolução dos negócios na Bolsa de Valores de Nova York. Seu cálculo é feito a partir de uma média das cotações entre as trinta em­presas industriais de maior importância, as vinte com­panhias ferroviárias mais destacadas e as quinze maio­res empresas concessionárias de serviços públicos. A elevação ou queda desse índice repercute em toda a economia norte-americana e, portanto, no mundo in­teiro, sinalizando um momento de prosperidade ou de desaquecimento, e provocando movimentos seme­lhantes em outras Bolsas de Valores como, por exem­plo, a de São Paulo.

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