Fonte: Traduzindo o Economês para entender a economia brasileira na época da globalização
de Paulo Sandroni
De A a D
Se você ouvir falar em:
AFTER MARKET. Expressão em inglês que significa, literalmente, “depois do mercado”, consiste nas operações realizadas pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e as corretoras credenciadas, depois do encerramento do pregão normal (entre 11:00 e 18:00). Os negócios são realizados pela Internet e têm início às 19:00, prosseguindo até as 22:00. Existem restrições para a operação no after market: os negócios não podem superar os R$ 50 mil por operador e as cotações não podem variar mais de 2% para mais ou para menos daquelas registradas no fechamento do pregão regular. Para os dirigentes da Bolsa de Valores, o também chamado Pregão Noturno tem mais o efeito de iniciação ou de treinamento do que de uma fórmula que substitua o pregão normal.
AGÊNCIAS DE CRÉDITO (RATING). São agências internacionais de avaliação de crédito que depois de examinar a situação econômica e financeira de países, empresas, instituições etc. aconselham seus clientes a investir ou não nesses mercados, ou avisam sobre o risco existente nos investimentos.
AGENDA 21. Denominação dada a um documento assinado entre os governos de 170 países que se reuniram na Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável no mundo a partir do século XXI. Isso significa que cada um dos seus signatários, dentro dos prazos definidos, adotará um conjunto de atitudes e procedimentos incorporados às suas políticas visando melhorar a qualidade de vida no planeta.
ÁGIO. De origem italiana, este termo foi usado antigamente em Veneza para designar a diferença na troca entre moedas depreciadas e o metal do qual eram constituídas. Essas trocas eram efetuadas pelos bancos de Veneza, de Hamburgo, de Gênova, de Amsterdã e de outras cidades comerciais e financeiras; e esses bancos fixavam o ágio em cada caso. De forma genérica, o ágio significa um prêmio resultante da troca de um valor (moedas, ações, títulos etc.) por outro. No comércio internacional de moedas é a diferença entre o valor nominal e o real da moeda negociada. O ágio pode surgir também quando o preço oficial de um produto (ou preço de tabela) está fixado num nível muito baixo e sua compra só se concretiza se o interessado estiver disposto a pagar mais por essa transação. A diferença entre o preço oficial e o que o comprador realmente paga é considerada o ágio daquela transação. Esse tipo de fenômeno ocorre quando há tabelamento ou congelamento de preços, como aconteceu durante os planos econômicos de estabilização no Brasil durante os anos 80 — sobretudo durante o Plano Cruzado, em 1986, e no início dos anos 90 com o Plano Collor. O ágio pode aparecer nesse contexto também quando, embora não haja congelamento, existe uma forte descompensação entre oferta e demanda, como aconteceu durante os primeiros meses do Plano Real com a aquisição de automóveis populares. Quando em vez de um preço maior paga-se um preço menor por um título, uma ação ou uma moeda, ocorre um “deságio”.
AJUSTE FISCAL. É a ação de governo voltada para a criação de mecanismos e políticas que reduzam ou eliminem o déficit público. O ajuste fiscal passa necessariamente pelo aumento da receita (em geral pelo aumento dos impostos e contribuições) e pela redução das despesas, geralmente cortando recursos das atividades governamentais como saúde, educação, transportes, pessoal etc.
BRADIES. São os títulos da dívida externa brasileira. Eles foram apelidados de bradies logo após a adesão do Brasil ao Plano Brady em 1994 e o seu lançamento no mercado. O Plano Brady foi idealizado por Nicholas Brady, ex-secretário do Tesouro dos EUA. Ele conseguiu refinanciar vários países endividados ao propor aos bancos credores que abrissem mão de uma parte dos créditos a receber em troca de novos títulos lastreados por papéis do Tesouro dos EUA, considerados de risco zero pelo mercado. O Brasil emitiu cerca de US$ 50 bilhões de bradies. No mercado internacional da dívida externa brasileira há oito tipos de papéis conhecidos por nomes diferentes e que se dividem em várias modalidades, sendo o mais conhecido o C-BOND (Front-Loaded Interest Reduction with Capitalization Bond).
CAPACIDADE OCIOSA. É a diferença existente entre o volume efetivo da produção e o que seria possível produzir com a capacidade instalada. Se, por exemplo, uma indústria de televisores possui equipamentos capazes de produzir mil aparelhos por mês, mas só fabrica oitocentos, sua capacidade ociosa é de 20%. O conceito é geralmente aplicado nas atividades industriais, mas vale também para outros setores. Nos países altamente industrializados, o aumento da capacidade ociosa é sintoma de recessão econômica e de desemprego. Nos países em desenvolvimento reflete também um planejamento inadequado, um super dimensionamento da maquinaria, escassez de matérias-primas e estreiteza do mercado, ou ainda a existência de outros tipos de gargalos; pode ainda fazer parte de manobras monopolistas visando aumentos de preços ou a manutenção de preços altos pela contração artificial da oferta.
CIMEIRA. Significa uma reunião de cúpula ou do mais alto nível entre representantes de governos ou de instituições políticas ou econômicas. O termo — de uso corrente em Portugal — passou a ser utilizado no Brasil a partir da Cimeira América Latina-Caribe-União Européia, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1999, na qual foram discutidas várias questões relacionadas com uma maior integração entre o Mercosul e a União Européia e uma ação conjunta dos 48 países representados nessa reunião em face da OMC (Organização Mundial do Comércio).
COMMODITY (COMMODITIES). Em inglês, este termo significa, literalmente, “mercadoria”. Nas relações comerciais internacionais, o termo designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, como é o caso do petróleo, da carne, do café, do chá, da lã, do algodão, da juta, do estanho, do cobre etc. Alguns centros se notabilizaram como importantes mercados desses produtos (commodity exchange). Londres, pela tradição colonial e comercial britânica, é um dos mais antigos centros de compra e venda de commodities, grande parte das quais nem sequer passa por seu porto.
CONSENSO DE WASHINGTON. Foi a denominação dada ao conjunto de trabalhos e resultados de reuniões de economistas do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Bird (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, também chamado de Banco Mundial) e do Tesouro dos Estados Unidos realizadas em Washington no início dos anos 90. Dessas reuniões surgiram recomendações dos países desenvolvidos para que os demais, sobretudo aqueles em desenvolvimento, adotassem políticas de abertura de seus mercados e o Estado Mínimo, isto é, um Estado com um mínimo de atribuições (privatizando as atividades produtivas) e portanto com um mínimo de despesas, como forma de solucionar os problemas relacionados com a crise fiscal. Embora os países que seguiram tal receituário tenham tido sucesso no combate à inflação, no plano social as conseqüências foram desalentadoras: um misto de desemprego, recessão e baixos salários revela a outra face dessa moeda.
CORE INFLATION. Trata-se de uma expressão em inglês que significa “núcleo da inflação” e é utilizada quando os índices inflacionários são expurgados de preços de produtos ou serviços de elevada volatilidade, isto é, que podem sofrer grandes variações devido, por exemplo, a fatores climáticos, como é o caso das verduras e legumes. A core inflation tende a ser utilizada quando um governo estabelece metas de inflação (target inflation) e deseja evitar que essas metas sejam ultrapassadas por fatores acidentais relacionados com fortes oscilações de determinados preços. Por outro lado, essa forma de apuração da inflação permitiria antever a inflação — sobretudo o custo de vida — a médio e longo prazo.
CRISE DE INSOLVÊNCIA. É uma situação na qual um país deixa de pagar suas dívidas. Isto é, encontra-se impossibilitado de pagar seus compromissos externos, tais como as amortizações da dívida externa, as remessas dos respectivos juros, os contratos de importações etc., por não dispor de moedas fortes (dólares, marcos, ienes etc.) para fazê-lo. Dessa maneira, a economia entra em crise, geralmente acompanhada de uma forte desvalorização cambial.
DÉFICIT. Em linguagem corrente, é um excesso de despesas em relação às receitas. Em linguagem contábil, é um excesso de passivo em relação ao ativo, isto é, as despesas e pagamentos são maiores que o faturamento e o total de crédito. Nas finanças públicas, fala-se em déficit orçamentário quando as despesas são superiores à arrecadação, e em déficit da balança comercial quando o valor total das importações é superior ao total das exportações. Nas contas do governo, o déficit pode ser considerado déficit primário quando inclui todas as receitas e todas as despesas do governo menos os juros, e déficit nominal (ou operacional) quando são incluídas as despesas com juros das dívidas interna e externa do setor público.
DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES. É também denominado déficit em conta corrente, e constitui aquele que ocorre quando a soma das balanças comercial, de serviços e de transferências unilaterais do Balanço de Pagamentos mostra um resultado negativo, isto é, deficitário. Quando os jornais anunciam um déficit no Balanço de Pagamentos, estão se referindo geralmente ao déficit em transações correntes, e não ao resultado final desse balanço.
DERIVATIVOS. São operações financeiras cujo valor de negociação deriva (daí o nome derivativos) de outros ativos, denominados ativos-objeto, com a finalidade de assumir, limitar ou transferir riscos. Abrangem um amplo leque de operações: a termo, futuros, opções e swaps, tanto de commodities quanto de ativos financeiros, como taxas de juros, cotações futuras de índices etc. A utilização ampliada dos derivativos no mundo todo tem gerado uma preocupação crescente por parte dos bancos centrais, autoridades monetárias e de supervisão bancária, dada a dificuldade de avaliação de sua dimensão e suas conseqüências em termos de riscos, na medida em que as atividades financeiras tornam-se cada vez mais globalizadas.
DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS E FUNÇÕES. Esta expressão está ligada à divisão dos recursos e funções entre a União, os Estados e os municípios. A Constituição de 1967 foi centralizadora desses recursos e funções em favor da União e em detrimento de Estados e municípios, enquanto a de 1988 foi descentralizadora, isto é, criou dispositivos restaurando a situação anterior a 1967. Por exemplo, a partir de 1988 algumas funções na esfera da educação e da saúde foram descentralizadas. Ao mesmo tempo alguns tributos antes apropriados pela União passaram à esfera estadual e municipal, como, por exemplo, aqueles sobre combustíveis, eletricidade, minérios e telecomunicações. A idéia que justificaria a descentralização é que o município ou o Estado administram melhor os recursos destinados a serviços diretamente associados com a vida dos cidadãos, como é o caso da saúde e da educação.
DOW JONES. Denominação de um índice utilizado para o acompanhamento da evolução dos negócios na Bolsa de Valores de Nova York. Seu cálculo é feito a partir de uma média das cotações entre as trinta empresas industriais de maior importância, as vinte companhias ferroviárias mais destacadas e as quinze maiores empresas concessionárias de serviços públicos. A elevação ou queda desse índice repercute em toda a economia norte-americana e, portanto, no mundo inteiro, sinalizando um momento de prosperidade ou de desaquecimento, e provocando movimentos semelhantes em outras Bolsas de Valores como, por exemplo, a de São Paulo.
de Paulo Sandroni
De A a D
Se você ouvir falar em:
AFTER MARKET. Expressão em inglês que significa, literalmente, “depois do mercado”, consiste nas operações realizadas pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e as corretoras credenciadas, depois do encerramento do pregão normal (entre 11:00 e 18:00). Os negócios são realizados pela Internet e têm início às 19:00, prosseguindo até as 22:00. Existem restrições para a operação no after market: os negócios não podem superar os R$ 50 mil por operador e as cotações não podem variar mais de 2% para mais ou para menos daquelas registradas no fechamento do pregão regular. Para os dirigentes da Bolsa de Valores, o também chamado Pregão Noturno tem mais o efeito de iniciação ou de treinamento do que de uma fórmula que substitua o pregão normal.
AGÊNCIAS DE CRÉDITO (RATING). São agências internacionais de avaliação de crédito que depois de examinar a situação econômica e financeira de países, empresas, instituições etc. aconselham seus clientes a investir ou não nesses mercados, ou avisam sobre o risco existente nos investimentos.
AGENDA 21. Denominação dada a um documento assinado entre os governos de 170 países que se reuniram na Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável no mundo a partir do século XXI. Isso significa que cada um dos seus signatários, dentro dos prazos definidos, adotará um conjunto de atitudes e procedimentos incorporados às suas políticas visando melhorar a qualidade de vida no planeta.
ÁGIO. De origem italiana, este termo foi usado antigamente em Veneza para designar a diferença na troca entre moedas depreciadas e o metal do qual eram constituídas. Essas trocas eram efetuadas pelos bancos de Veneza, de Hamburgo, de Gênova, de Amsterdã e de outras cidades comerciais e financeiras; e esses bancos fixavam o ágio em cada caso. De forma genérica, o ágio significa um prêmio resultante da troca de um valor (moedas, ações, títulos etc.) por outro. No comércio internacional de moedas é a diferença entre o valor nominal e o real da moeda negociada. O ágio pode surgir também quando o preço oficial de um produto (ou preço de tabela) está fixado num nível muito baixo e sua compra só se concretiza se o interessado estiver disposto a pagar mais por essa transação. A diferença entre o preço oficial e o que o comprador realmente paga é considerada o ágio daquela transação. Esse tipo de fenômeno ocorre quando há tabelamento ou congelamento de preços, como aconteceu durante os planos econômicos de estabilização no Brasil durante os anos 80 — sobretudo durante o Plano Cruzado, em 1986, e no início dos anos 90 com o Plano Collor. O ágio pode aparecer nesse contexto também quando, embora não haja congelamento, existe uma forte descompensação entre oferta e demanda, como aconteceu durante os primeiros meses do Plano Real com a aquisição de automóveis populares. Quando em vez de um preço maior paga-se um preço menor por um título, uma ação ou uma moeda, ocorre um “deságio”.
AJUSTE FISCAL. É a ação de governo voltada para a criação de mecanismos e políticas que reduzam ou eliminem o déficit público. O ajuste fiscal passa necessariamente pelo aumento da receita (em geral pelo aumento dos impostos e contribuições) e pela redução das despesas, geralmente cortando recursos das atividades governamentais como saúde, educação, transportes, pessoal etc.
BRADIES. São os títulos da dívida externa brasileira. Eles foram apelidados de bradies logo após a adesão do Brasil ao Plano Brady em 1994 e o seu lançamento no mercado. O Plano Brady foi idealizado por Nicholas Brady, ex-secretário do Tesouro dos EUA. Ele conseguiu refinanciar vários países endividados ao propor aos bancos credores que abrissem mão de uma parte dos créditos a receber em troca de novos títulos lastreados por papéis do Tesouro dos EUA, considerados de risco zero pelo mercado. O Brasil emitiu cerca de US$ 50 bilhões de bradies. No mercado internacional da dívida externa brasileira há oito tipos de papéis conhecidos por nomes diferentes e que se dividem em várias modalidades, sendo o mais conhecido o C-BOND (Front-Loaded Interest Reduction with Capitalization Bond).
CAPACIDADE OCIOSA. É a diferença existente entre o volume efetivo da produção e o que seria possível produzir com a capacidade instalada. Se, por exemplo, uma indústria de televisores possui equipamentos capazes de produzir mil aparelhos por mês, mas só fabrica oitocentos, sua capacidade ociosa é de 20%. O conceito é geralmente aplicado nas atividades industriais, mas vale também para outros setores. Nos países altamente industrializados, o aumento da capacidade ociosa é sintoma de recessão econômica e de desemprego. Nos países em desenvolvimento reflete também um planejamento inadequado, um super dimensionamento da maquinaria, escassez de matérias-primas e estreiteza do mercado, ou ainda a existência de outros tipos de gargalos; pode ainda fazer parte de manobras monopolistas visando aumentos de preços ou a manutenção de preços altos pela contração artificial da oferta.
CIMEIRA. Significa uma reunião de cúpula ou do mais alto nível entre representantes de governos ou de instituições políticas ou econômicas. O termo — de uso corrente em Portugal — passou a ser utilizado no Brasil a partir da Cimeira América Latina-Caribe-União Européia, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1999, na qual foram discutidas várias questões relacionadas com uma maior integração entre o Mercosul e a União Européia e uma ação conjunta dos 48 países representados nessa reunião em face da OMC (Organização Mundial do Comércio).
COMMODITY (COMMODITIES). Em inglês, este termo significa, literalmente, “mercadoria”. Nas relações comerciais internacionais, o termo designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, como é o caso do petróleo, da carne, do café, do chá, da lã, do algodão, da juta, do estanho, do cobre etc. Alguns centros se notabilizaram como importantes mercados desses produtos (commodity exchange). Londres, pela tradição colonial e comercial britânica, é um dos mais antigos centros de compra e venda de commodities, grande parte das quais nem sequer passa por seu porto.
CONSENSO DE WASHINGTON. Foi a denominação dada ao conjunto de trabalhos e resultados de reuniões de economistas do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Bird (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, também chamado de Banco Mundial) e do Tesouro dos Estados Unidos realizadas em Washington no início dos anos 90. Dessas reuniões surgiram recomendações dos países desenvolvidos para que os demais, sobretudo aqueles em desenvolvimento, adotassem políticas de abertura de seus mercados e o Estado Mínimo, isto é, um Estado com um mínimo de atribuições (privatizando as atividades produtivas) e portanto com um mínimo de despesas, como forma de solucionar os problemas relacionados com a crise fiscal. Embora os países que seguiram tal receituário tenham tido sucesso no combate à inflação, no plano social as conseqüências foram desalentadoras: um misto de desemprego, recessão e baixos salários revela a outra face dessa moeda.
CORE INFLATION. Trata-se de uma expressão em inglês que significa “núcleo da inflação” e é utilizada quando os índices inflacionários são expurgados de preços de produtos ou serviços de elevada volatilidade, isto é, que podem sofrer grandes variações devido, por exemplo, a fatores climáticos, como é o caso das verduras e legumes. A core inflation tende a ser utilizada quando um governo estabelece metas de inflação (target inflation) e deseja evitar que essas metas sejam ultrapassadas por fatores acidentais relacionados com fortes oscilações de determinados preços. Por outro lado, essa forma de apuração da inflação permitiria antever a inflação — sobretudo o custo de vida — a médio e longo prazo.
CRISE DE INSOLVÊNCIA. É uma situação na qual um país deixa de pagar suas dívidas. Isto é, encontra-se impossibilitado de pagar seus compromissos externos, tais como as amortizações da dívida externa, as remessas dos respectivos juros, os contratos de importações etc., por não dispor de moedas fortes (dólares, marcos, ienes etc.) para fazê-lo. Dessa maneira, a economia entra em crise, geralmente acompanhada de uma forte desvalorização cambial.
DÉFICIT. Em linguagem corrente, é um excesso de despesas em relação às receitas. Em linguagem contábil, é um excesso de passivo em relação ao ativo, isto é, as despesas e pagamentos são maiores que o faturamento e o total de crédito. Nas finanças públicas, fala-se em déficit orçamentário quando as despesas são superiores à arrecadação, e em déficit da balança comercial quando o valor total das importações é superior ao total das exportações. Nas contas do governo, o déficit pode ser considerado déficit primário quando inclui todas as receitas e todas as despesas do governo menos os juros, e déficit nominal (ou operacional) quando são incluídas as despesas com juros das dívidas interna e externa do setor público.
DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES. É também denominado déficit em conta corrente, e constitui aquele que ocorre quando a soma das balanças comercial, de serviços e de transferências unilaterais do Balanço de Pagamentos mostra um resultado negativo, isto é, deficitário. Quando os jornais anunciam um déficit no Balanço de Pagamentos, estão se referindo geralmente ao déficit em transações correntes, e não ao resultado final desse balanço.
DERIVATIVOS. São operações financeiras cujo valor de negociação deriva (daí o nome derivativos) de outros ativos, denominados ativos-objeto, com a finalidade de assumir, limitar ou transferir riscos. Abrangem um amplo leque de operações: a termo, futuros, opções e swaps, tanto de commodities quanto de ativos financeiros, como taxas de juros, cotações futuras de índices etc. A utilização ampliada dos derivativos no mundo todo tem gerado uma preocupação crescente por parte dos bancos centrais, autoridades monetárias e de supervisão bancária, dada a dificuldade de avaliação de sua dimensão e suas conseqüências em termos de riscos, na medida em que as atividades financeiras tornam-se cada vez mais globalizadas.
DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS E FUNÇÕES. Esta expressão está ligada à divisão dos recursos e funções entre a União, os Estados e os municípios. A Constituição de 1967 foi centralizadora desses recursos e funções em favor da União e em detrimento de Estados e municípios, enquanto a de 1988 foi descentralizadora, isto é, criou dispositivos restaurando a situação anterior a 1967. Por exemplo, a partir de 1988 algumas funções na esfera da educação e da saúde foram descentralizadas. Ao mesmo tempo alguns tributos antes apropriados pela União passaram à esfera estadual e municipal, como, por exemplo, aqueles sobre combustíveis, eletricidade, minérios e telecomunicações. A idéia que justificaria a descentralização é que o município ou o Estado administram melhor os recursos destinados a serviços diretamente associados com a vida dos cidadãos, como é o caso da saúde e da educação.
DOW JONES. Denominação de um índice utilizado para o acompanhamento da evolução dos negócios na Bolsa de Valores de Nova York. Seu cálculo é feito a partir de uma média das cotações entre as trinta empresas industriais de maior importância, as vinte companhias ferroviárias mais destacadas e as quinze maiores empresas concessionárias de serviços públicos. A elevação ou queda desse índice repercute em toda a economia norte-americana e, portanto, no mundo inteiro, sinalizando um momento de prosperidade ou de desaquecimento, e provocando movimentos semelhantes em outras Bolsas de Valores como, por exemplo, a de São Paulo.
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