quarta-feira, 24 de junho de 2009

Planejando sua carreira


Em busca da excelência

Aprenda com a história do garoto que planejou a carreira inspirado na biografia de grandes executivos e fez uma empresa familiar de turismo faturar, em sete anos, 300 milhões de reais

Por FERNANDA BOTTONI


A história do administrador de empresas baiano Luiz Alberto Camargo Filho, de 40 anos, começou de maneira curiosa. Aos 12 anos, leitor precoce e assíduo de livros de administração, ele se tornou amigo do dono da livraria mais próxima de sua casa, em Pituba, bairro de classe média alta em Salvador. Inspirado nas biografias de Lee Iacocca e Akio Morita, da Chrysler e da Sony, respectivamente, ele começou a traçar, antes dos 14 anos, seus objetivos profissionais. “Eu queria estudar administração, fazer uma especialização na Fundação Getulio Vargas e comandar uma empresa para colocar em prática tudo o que aprendia nos livros”, diz ele. Com pouco mais de 30 anos, Luiz Alberto assumiu a operação da agência de turismo corporativo Kontik Franstur, que tinha sede na Bahia e faturava cerca de 20 milhões de reais ao ano. Cinco anos depois, transferiu a matriz da empresa para a capital paulista e elevou seu faturamento a nada menos do que 300 milhões de reais. Seu segredo? “Procuro a excelência em tudo o que faço. Para mim, ser excelente não é diferencial. É lição de casa”, diz

Como todo bom baiano, Luiz Alberto é dono de um carisma notável. Ele é o tipo de profissional que consegue falar dos seus pontos fracos com a mesma desenvoltura que comenta suas conquistas. A trajetória desse administrador — pós-graduado em gestão de empresas pela Fundação Getulio Vargas, exatamente como ele planejou — é um modelo de determinação.

UM PASSO DE CADA VEZ

Uma das primeiras lições de carreira que Luiz Alberto aprendeu veio de seu pai, que costumava dizer que, por mais longe que o objetivo do filho estivesse, se ele desse um passo de cada vez, uma hora acabaria chegando lá. Seguindo o conselho paterno, o primeiro passo que o administrador deu na carreira foi trocar um estágio na Junta Comercial da Bahia, com salário equivalente a 3 000 reais, por um emprego na construtora OAS, para ganhar um salário mínimo. “Eu tinha 22 anos, estava recém-formado, era casado e já tinha um filho. Mesmo assim, não tive dúvidas, comecei na segundafeira seguinte”, diz ele. A justificativa foi simples. A decisão estava alinhada ao seu sonho. “Ninguém entendia como alguém na minha situação podia fazer uma troca dessas”, afirma. “Na verdade, nunca busquei ganho financeiro, me preocupei mais com o que podia aprender para atingir meu objetivo.” Luiz Alberto ficou na OAS por três anos. Depois, foi contratado pela construtora Planurb, para a área de finanças. Dez anos depois, ele era diretor financeiro- administrativo da empresa.

SEM INGLÊS

Por causa do cargo que ocupava, Luiz Alberto se aproximou de diversos headhunters, que vez ou outra o convidavam para participar de processos de seleção. “Eu contratava muita gente, o negócio estava crescendo, mas eles ficavam de olho em mim”, diz. Os convites eram recusados, um por um, até que um dia um headhunter disse uma verdade meio amarga para o administrador. O caça-talentos mostrou que, embora Luiz Alberto tivesse resultados e formação excelentes, ele estava há dez anos na mesma empresa e precisava de experiências mais diversificadas. “Eu estava acomodado numa situação confortável para mim e para minha família”, diz. Ainda meio contrariado, e já com três filhos, Luiz Alberto passou a encarar alguns processos de seleção. Na época, a Ford estava se instalando em Camaçari, na Bahia, e buscava executivos de várias áreas. Foi então que outro ponto fraco do seu planejamento de carreira veio à tona. “Eu perdi a oportunidade durante a entrevista em inglês.” A situação se repetiu mais duas vezes, em outras multinacionais, até que Luiz Alberto se convenceu de que era preciso resolver a questão. “Eu pedi demissão da Planurb e fui estudar nos Estados Unidos”, diz. “Aparentemente, algumas decisões não têm lógica, mas fazem sentido no longo prazo.” Quando retornou ao Brasil, depois de três meses de estudo intenso, Luiz Alberto foi chamado para uma entrevista na Kontik, empresa familiar de turismo corporativo com mais de 50 anos de estrada. “Aceitei a proposta quando disseram que eu teria carta branca para comandar a operação”, diz. “Sempre quis dirigir um negócio. Lá, eu seria o piloto.”

BOM GESTOR

Aos 33 anos, Luiz Alberto foi contratado como diretor de operações. De cara, disse aos donos da empresa que, se a ideia fosse expandir os negócios, seria preciso transferir a matriz de Salvador para São Paulo, onde estavam os maiores clientes. Há dois anos, a sede da Kontik fica na capital paulista. De segunda a sexta, Luiz Alberto mora em São Paulo e passa até 12 horas por dia no escritório. Nos fins de semana, sua casa é Salvador, a praia e o surfe, que ele pratica na companhia dos filhos. Das grandes lições que aprendeu nos livros de gestão, a que ele mais destaca é a importância de valorizar as pessoas. “O sucesso é decorrente de um trabalho em equipe”, afirma. Com estilo mão na massa, o executivo já transferiu sua mesa para diversos setores que precisavam ser organizados. “A primeira foi a de faturamento. Fiquei lá alguns meses e mapeei processos, contratei, demiti e recoloquei pessoas”, diz. Ele fez o mesmo nas áreas de recursos humanos e contábil.

Graças ao empenho dos cerca de 400 funcionários, em 2008, a Kontik emitiu em torno de 396 000 bilhetes aéreos e realizou 104 000 hospedagens. Sua carteira tem mais de 300 clientes. Entre eles, nomes como Petrobras, Bradesco e Unibanco. Agora, a empresa se prepara para expandir as operações para a América Latina. “Já fechamos negócios no México e na Argentina e estamos desenvolvendo ações na Venezuela, no Chile e na Colômbia”, diz. Para Luiz Alberto, hoje em dia seu trabalho é liderar e motivar pessoas. “Até um momento da carreira, você tem de saber como fazer. Depois, você tem de saber como fazer com que as pessoas façam e deem o melhor de si.”

Fonte: http://vocesa.abril.com.br/


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