quarta-feira, 11 de junho de 2008

RELACIONAMENTO PROFISSIONAL





Trabalhar com um chefe tirano ou mal humorado pode por em risco a sua carreira.

Para não cair nessa armadilha, especialistas ensinam o caminho da boa convivência

TEXTO: LUCIANA FUOCO - Revista Vida Executiva


O dia amanheceu ensolarado, a noite de sono foi tranqüila e profunda e você acorda cheia de energia para encarar o dia de trabalho. Mesmo com toda esta disposição e alegria, tudo vai por água abaixo quando seu chefe começa a ter crises nervosas. Ele grita na frente de todos, coloca defeitos nas tarefas executadas e, às vezes, no calor da emoção, até a ofende.
Suportar diariamente o humor oscilante dele não é fácil, portanto, existem duas saídas: lidar com isso ou abandonar o barco. Antes de qualquer decisão, porém, é preciso fazer uma análise e descobrir se ele é apenas alguém temperamental ou se, suas atitudes vão além disso, caracterizando o assédio moral.

Segundo a psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen, autora do livro Assédio Moral: A Violência Perversa no Cotidiano (ed. Bertrand Brasil), o chefe temperamental ou obsessivo pode ter crises e insultar seus funcionários quando eles não executam uma tarefa exatamente como desejava. "Nesse sentido, pode até cometer abusos de poder. Contudo, mais tarde, vai saber pedir desculpas ou reconhecer um trabalho bem-feito. Caímos no assédio moral quando o chefe, por alguma razão, resolve destruir o funcionário", esclarece a psiquiatra. Mas, se o assédio moral não está batendo à sua porta, então, é hora de descobrir como lidar com as mudanças de humor de seu superior.
O primeiro passo é checar a origem do problema. Ter certeza realmente se o seu superior é alguém difícil ou se você está - sem querer ou perceber - fazendo algo fora do esperado. Caso seja novata na empresa, procure conhecer rapidamente as regras da organização, sejam elas explícitas (procedimentos, processos de trabalho, políticas) ou não (costumes, valores da cultura organizacional como forma de se relacionar, atraso nos horários etc).

"Use seus colegas com mais tempo de casa para se certificar quanto à sua conduta. Períodos de experiência são mesmo para estes ajustes", aconselha Mara Turolla, consultora sênior em gerenciamento de carreira e desenvolvimento executivo, da Career Center.


Segundo Ricardo P. Bevilácqua, diretor- geral da Thomas Case & Associados (consultoria de desenvolvimento de carreira) também é muito importante buscar feedback do chefe com relação ao seu trabalho. "Observe se o comportamento 'difícil' é só com você ou também se estende a outras pessoas da equipe/empresa", afirma Bevilácqua.

"Observe se o comportamento 'difícil' do chefe é só com você ou se é também com as outras pessoas da equipe" RICARDO BEVILÁCQUA, DIRETOR-GERAL, DA THOMAS CASE

VOCÊ NA MIRA
Caso a dificuldade em relacionar-se com superiores seja algo recorrente em sua vida, analise o que deu errado nas outras vezes e repare se não está repetindo um padrão de comportamento. "Para perceber isto vale conversar com alguém de fora do trabalho, que a conheça bem e que não tema ser franco ou procure um profissional da área comportamental para ajudá-la", orienta Mara Turolla.
Se tudo isto foi checado e o problema ainda continua aparecendo por meio de diferenças de tratamento ou hostilidades, verifique se não está levando para o lado pessoal em demasia. Muitas vezes, o volume intenso de trabalho versus o tempo e os recursos disponíveis fazem com que as pessoas fiquem muito mais objetivas e focadas na tarefa e menos na manutenção de um bom ambiente de trabalho. "Quando isto ocorre no curto prazo não traz grandes problemas, mas a médio prazo pode prejudicar o entrosamento com a equipe, comprometer seriamente os resultados esperados e levar à perda de talentos", explica a consultora da Career Center.

ENCONTRE AS RESPOSTAS
O relacionamento com o chefe é um dos grandes pontos que pesam na decisão de sair de uma empresa. Por este motivo, muitas organizações desperdiçam pessoas talentosas, bons potenciais, além dos investimentos feitos no crescimento desses funcionários. O grande lance, no entanto, é ter certeza de que a sua parte é cumprida (resultados, prazos, qualidade do trabalho, entrosamento com a equipe) e que já tenha absorvido a cultura da empresa.
Mas, se ainda assim o relacionamento não engrena e a convivência é complicada, aposte na sinceridade. Isto mesmo: tente conversar com seu chefe e exponha como tem se sentido em relação a algumas atitudes dele. Vale lembrar que esta tarefa não é fácil, portanto, escolha um bom momento e a forma mais assertiva de executá-la.
Se não foi bem recebida, não adiantou o diálogo ou o ponto é realmente localizado no chefe, é hora de avaliar sua identificação com a empresa ou com a atividade que exerce. "Veja se é possível uma movimentação dentro da organização. Caso seja, ótimo. Senão, pode ser que esteja na empresa errada para você. Pode estar havendo um choque de valores que atrapalha muito o desenvolvimento do profissional, ou talvez seja o momento de olhar para o mercado e tentar identificar uma organização onde o clima e ambiente de trabalho sejam mais próximos das suas expectativas. Porém, é preciso analisar este ponto com cuidado, pois a competitividade é uma constante - em maior ou menor grau - em todas as empresas", avalia Mara Turolla.
Lembre-se de que relações conflituosas existem em todas as áreas da vida e saber lidar e aprender com elas faz parte, não só de seu crescimento profissional, mas, também, de seu desenvolvimento humano.

DICAS PARA TRATAR O CHEFE TEMPERAMENTAL

- Tenha foco nas idéias; - Dê o seu feedback de como o temperamento dele pode estar influenciando no relacionamento profissional via canais apropriados; - Comunique-se claramente com seu chefe; - Cultive o bom humor no trabalho; - Não demonstre baixo astral ou uma postura pessimista; - Não espere que o seu chefe acerte sempre. Lembre-se: ninguém é infalível. - Conserve uma vida equilibrada; - Tenha vida pessoal; - Descubra o que dá prazer; - Comprometa-se; - Seja honesta - nunca minta ao seu chefe (mesmo que seja para ir ao cabeleireiro); - Nunca presuma nada - verifique tudo antes; - Admita erros e responsabilize-se por suas atitudes; - Entenda o negócio da empresa em que trabalha; - Esteja sempre bem preparada para uma reunião; - Mantenha-se informada sobre o que acontece no mundo; - Precisando de ajuda, peça!

AMPLIE SEUS HORIZONTES
Outro ponto importante é não ficar com todas as suas fontes de reconhecimento e referência baseadas em seu chefe. Avalie o resultado de seu trabalho através de seus clientes (internos e externos), seus pares, tenha atividades fora do trabalho que também sejam fontes de prazer e reconhecimento de seus talentos.
"O desenvolvimento humano afeta sensivelmente o papel profissional e, quem espera demais apenas desse aspecto, poderá se frustrar, e deixar de trabalhar outras questões da personalidade", afirma o consultor Ricardo Bevilacqua.
Em contrapartida, não perca a chance de se aprimorar e, ao mesmo tempo, não fique dando murro em ponta de faca. Esgotadas as possibilidades, mude. Procure e analise uma nova oportunidade de emprego. O timing é só seu!

RESPEITAR AS DIFERENÇAS É FUNDAMENTAL
A consultora de produtos, da Smart.Net Brasil, Leonor Franco Moreira conta que tem uma boa relação com o seu chefe atual, o gerente de produtos Cyro Valente de Souza Junior. Segundo Leonor, ele é uma pessoa fácil de lidar. No entanto, também tem seus dias difíceis. "Quando percebo que ele não está num bom dia, tento mostrar-me disposta a ajudar no que for necessário, mas não de forma invasiva. Às vezes, o melhor é evitar de tratar de assuntos complexos", orienta a funcionária. Para Cyro, Leonor também é uma pessoa de temperamento fácil e amigável, o que não prejudica sua capacidade de propor idéias e defender muito bem seus pontos de vista.
"Temos uma relação positiva, de troca de conhecimentos e busca conjunta do melhor em cada situação", garante Cyro. Mas ele também dá o caminho das pedras. Quando um de seus funcionários está num dia ruim, Cyro aconselha que o mais importante é respeitar o fato e se colocar à disposição no que for possível para ajudar. "É obrigação do gestor garantir que a equipe esteja apta a enfrentar e vencer os desafios do mercado. E uma equipe só se forma quando há companheirismo, cumplicidade, auxílio mútuo e crescimento compartilhado".

DISTÂNCIA SADIA
Mas nem todo mundo tem só boas histórias para contar. Hoje, a advogada Ana Paula Santos, que trabalha na área jurídica do McDonald´s Brasil, diz que sua chefe, a advogada Isabella Maciel de Sá, é alegre, comprometida e determinada. Ela admite os erros e reconhece o potencial de cada um da equipe. "Nós já trabalhamos juntas há quase quatro anos. Nunca tivemos divergência que não fosse resolvida com o diálogo. Respeito é fundamental e nossa relação foi construída em cima disso", diz Ana Paula. Mas nem sempre sua vida profissional foi tão calma. Sim, ela já teve de lidar com chefes temperamentais e, naépoca, sua maior dificuldade foi não se influenciar pelas nuances de humor do dito. "Tentei traçar um perfil psicológico dele, para poder desenvolver um convívio sadio, e procurei visualizar os pontos positivos que ele tinha", relembra a advogada. Agora, diz Ana Paula, quando sua chefe Isabella não esta num bom dia, ela só aparece em sua sala se for chamada. A diretora de Ana Paula, a advogada Isabella, também já teve de lidar com uma funcionária nada fácil. O maior desafio, segundo ela, foi conseguir fazer com que a subordinada entendesse que um ambiente de trabalho harmonioso é fundamental para que a equipe desenvolva o trabalho de forma tranqüila. "Para haver harmonia é necessário a abdicação de um pouco da individualidade em benefício do todo. E uma pessoa temperamental não consegue entender, respeitar e vivenciar isso", afirma. Com a Ana Paula, ela diz que, embora tenham temperamentos diferentes, isso não atrapalha. "Este fato acaba agregando valor à equipe, porque uma completa o trabalho da outra", explica Isabella.

Fonte: www.secth.com.br

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