quarta-feira, 8 de junho de 2011

SOCIOLOGIA - ALIENAÇÃO E ANOMIA NA DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

O método de análise marxiano apresenta, no seu cerne, a questão da alienação do trabalhador (estranhamento) no regime vigente de produção. Por isso, no que diz respeito à riqueza produzida pelo operário, Marx sustenta que “o trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz.” Isso pode evidenciar que, quanto mais volume de riqueza o trabalhador produz para o capitalista, mais miserável e alienado ele se torna em relação ao volume da produção e conseqüentemente, menos realizado no trabalho.
Nesse sentido, vale ressaltar que, numa passagem dos Manuscritos Econômicos Filosóficos, Marx assegura que “o objeto produzido pelo trabalhador, seu produto, se lhe opõe como ser estranho, como um poder independente do produtor.” Portanto, o homem, na condição de sujeito alienado no seu processo de trabalho, por exemplo, no espaço da fábrica, não consegue se reconhecer enquanto fabricante de objetos, ou melhor, enquanto produtor de trabalho social.
Contudo, o operário, no processo de estranhamento, não consegue abstrair a natureza do seu trabalho, como se não pertencesse à sua natureza. Ele se vê como sujeito passivo, não como agente ativo, receptor, muito embora na sua jornada diária manuseia uma engrenagem, máquina, que lhe impõe ritmo repetitivo de trabalho, diferentemente dos ofícios manuais, mas que, sem sua força de trabalho, aquela não funcionaria, não produziria sozinha.

Conforme From (1979, p. 53): O produto do trabalho é trabalho humano incorporado em um objeto e transformado em coisa material; esse produto é uma objetificação do trabalho humano. O trabalho humano é alienado porque trabalhar deixou de fazer parte da natureza do trabalhador e, conseqüentemente, ele não se realiza no trabalho, mas nega-se a si mesmo, tem uma impressão de sofrimento em vez de bem-estar, não desenvolve livremente suas energias mentais e físicas, mas fica fisicamente exaurido e mentalmente aviltado.

Marx vai considerar dois aspectos ou momentos de alienação da atividade prática humana, no processo do trabalho a seguir: o primeiro diz respeito à relação do trabalhador ao produto do seu trabalho, que aparece como um objeto estranho para o trabalhador, e, por sua vez, o domina; o segundo está relacionado com o ato da produção dentro do próprio processo do trabalho. Portanto, para o primeiro ato, imagina-se uma situação de operários numa empresa de automóveis e, particularmente, na linha de montagem. Todos os dias eles produzem milhares de carros para o consumo interno e externo de milhões de pessoas (obra dos operários), muito embora esses objetos produzidos se apresentem como algo estranho e independente a essa classe, ou seja, como se não fosse fruto de seu próprio trabalho - práxis.Para o segundo ato, pode-se dizer que o processo ocorre quando o trabalhador se aliena no ato da atividade do seu trabalho, isto é, quando ele no dia-a-dia opera movimentos mecânicos em ritmo e atividade acelerada, como alguma coisa estranha, que não lhe pertence, atividade como sofrimento (passividade), força como impotência, a criação como emasculação etc.

From (1979) afirma que é preciso compreender que Marx não primava somente pela libertação da classe operária, mas visava toda à emancipação do ser humano (ente-espécie), através do retorno da atividade não-alienada. Para exemplificar, na obra Ideologia Alemã, Marx narra esse momento de encontro do homem consigo mesmo quando diz: Com efeito, desde o instante em que o trabalho começa a ser distribuído, cada um dispõe de uma esfera de atividade exclusiva e determinada, que lhe é imposta e da qual não pode sair; o homem é caçador, pescador, pastor ou crítico, e aí deve permanecer se não quiser perder seus meios de vida – ao passo que na sociedade comunista, onde cada um não tem uma esfera de atividade exclusiva, mas pode aperfeiçoar-se no ramo que lhe apraz, a sociedade regula a produção geral, dando-me assim a possibilidade de hoje fazer tal coisa, amanhã outra, caçar pela manhã, pescar à tarde, criar animais ao anoitecer, criticar após o jantar, segundo meu desejo, sem jamais tornar-me caçador, pescador, pastor ou crítico.

Marx e Engels (1999) definem bem a idéia de retorno do sujeito para si mesmo, reintegrando novamente a sua essência e a natureza, quando fazem a seguinte afirmação milhões de proletários ou de comunistas pensam de modo inteiramente diferente e provarão isto no devido tempo, quando puserem seu ser em harmonia com sua essência de uma maneira prática, através de uma revolução.A partir do instante em que a classe operária tomar consciência de que o fruto de seu trabalho é expropriado pelos capitalistas lutará, numa perspectiva marxista, pela libertação. O antagonismo entre o capital e o trabalho é a condição necessária para existência da exploração de uma classe sobre outra.
Nesse ensaio trazemos a contribuição de Weber para a compreensão e interpretação da sociedade moderna até então vista por ângulos macro-sociológicos. Ao contrário dos teóricos principais da sociologia estrutural (que dão ênfase à sociedade e às estruturas), Weber procura o sentido da sociologia na ação social dos indivíduos.

FONTE: Os Clássico da Sociologia: uma análise dos conceitos de alienação, anomia e racionalização em Marx, Durkheim e Weber
de Antonio Cavalcante de Almeida

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