sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Moda ecologicamente correta



O eco do fashion
O socioambiental chega às beiradas da moda, aquém de outros setores. Quão sustentável pode ser o mundo dos desejos descartáveis?

Transparência
Um dos sinais mais significativos para uma empresa que confia no seu processo de sustentabilidade é a disposição em compartilhar metas e resultados com o público. É a salutar prática de reportar, de preferência, conforme padrões estabelecidos por uma terceira parte confiável.
Nos últimos dez anos, 5 mil empresas apresentaram relatórios no modelo Global Reporting Initiative (GRI), o mais prestigiado no mundo. Dessas, apenas 21 são do setor têxtil, ou seja, menos de 0,5%. E isso não inclui apenas marcas de moda, mas também de outros segmentos, como tapeçaria. Nenhuma delas é brasileira.
A moda ainda não foi cobrada pela opinião pública como outros setores. Se você fala de uma Nike, por exemplo, que também está inserida na moda, a coisa é diferente”, explica Hélio Silva, professor de publicidade do Senac e autor do livro Marketing: uma visão crítica.
A assessoria do Instituto Ethos não conseguiu fazer um levantamento conclusivo sobre empresas de moda que usam seus indicadores de responsabilidade social (esses dados são mantidos em sigilo pela entidade). “Pode ser devido ao fato de poucas empresas (ou nenhuma) do segmento terem respondido”, especulou a assessora de imprensa, Cristina Spera.
Sob os flashes
Nas passarelas brasileiras, a moda é desfilar materiais menos impactantes, como madeira de demolição, algodão orgânico, corantes artesanais e upcycling(1) , além de eventuais parcerias com cooperativas e comunidades carentes. São escolhas ainda minoritárias.
Acelerado
Esse é um desafio especialmente voltado para o segmento conhecido como fast fashion. Grandes lojas que vendem produtos de preço baixo e qualidade idem aumentam muito o descarte de roupas, que não podem ser reaproveitadas.

Origens
Se o mundo está tomado pelo mal do consumismo, como essa febre começou?
Mas apenas a ostentação não é o bastante para explicar um fenômeno essencialmente moderno. As sociedades arcaicas também tinham seus estilos e adornos, mas sempre conforme padrões estabelecidos pela tradição. A toga-túnica do Antigo Egito, por exemplo, manteve-se praticamente inalterada por 15 séculos.
O movimento hippie, que inaugurou a condenação aos materiais sintéticos e promoveu pela primeira vez o consumo de segunda mão, hoje se vê representado não apenas na ideia de “moda sustentável”, mas também no estilo dos trend setters .
Numa sociedade complexa formada por anônimos, as roupas compõem uma comunicação muda extremamente poderosa. “Ostentar a sustentabilidade é um primeiro passo para que ela entre na vida e no cotidiano das pessoas. Sem a moda isso não seria possível.”
Se o universo que deu à luz o consumismo desenfreado será capaz de desacelerar ainda é segredo para todos. Um bom começo seria que o setor no Brasil e no mundo cuidasse para abandonar a lanterna das melhores práticas corporativas. Tudo se resume ao seguinte: medir, monitorar e reportar.

Reciclando a moda
Independente de ser uma ação com data prevista para começar e acabar, ou algo permanente, uma das vertentes que têm ganhado mais força no sentido ecologicamente correto é o de aproveitar o que já existe.
Muitas vezes as pessoas doam roupas porque não servem, não gostam, ou porque deixaram de fazer parte da sua identidade e NÃO porque a roupa está danificada.
Porquê não aproveitar pelo menos uma parte das roupas boas que já existem no mundo?
Não é preciso usar exatamente como comprou – dá para tingir, cortar, ajustar e alterar só para atualizar a peça.
Algumas marcas e estilistas levaram a idéia adiante e estão fazendo com que roupas antigas ganhem uma cara completamente diferente. Cada roupa é pensada, transformada e recriada individualmente e, por isso, apesar de serem peças de segunda mão, a marca vende suas criações em lojas badaladíssimas. Uma camisa, por exemplo, não precisa ser usada da maneira convencional… pode ser vestida como uma calça! É bem interessante, é tudo incrível, se visse os modelos sem saber a história por trás jamais imaginaria que foram feitos através de peças usadas!
Algumas peças clássicas do guarda-roupa masculino podem se transformar em peças femininas. Uma calça de alfaiataria pode virar um vestido, um colete pode ganhar um capuz.

Aqui pelo Brasil, o Morumbi Shopping traz o Projeto Moda Reciclada. Apesar de ser um projeto temporário, quem passou pelo shopping pode ver a transformação das peças num ateliê de vidro construído no Atrium do shopping .
A indústria têxtil ainda é uma das maiores responsáveis pela geração de empregos no país (e no mundo) e adquirir aquela roupa especial “da última moda” apenas para mimar a si mesmo, não por necessidade, vai continuar sendo sempre um carinho consigo mesmo.
Mas, a verdade é que, se pelo menos uma pequena parcela dessa indústria seguir esse direcionamento, o planeta agradecerá. E muito!




1. Upcycling é o termo usado para a reinserção, nos processos produtivos, de materiais que teriam como único destino o lixo, para criar novos produtos. É transformar algo que está no fim de sua vida útil em algo novo, de maior valor, sem precisar passar pelos processos físicos ou químicos da reciclagem. O material é usado tal como ele é.

2. Personalidades que ditam tendências

Fontes: http://pagina22.com.br/( por Carolina Derivi), Érica Minchin – Moda e Consultoria, http://mercadoetico.terra.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seus comentários sobre a matéria.

O que você precisa?

BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina