segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Morar e trabalhar em um Cruzeiro Marítimo





Sou secretária executiva bilíngüe com experiência, formação e registro profissional de classe. Apesar de bem empregada, andei me sentindo muito frustrada por ter meu potencial mal aproveitado em meu último emprego. Tomei um fôlego de ousadia, que não faz parte da minha personalidade habitualmente favorável a vida com rotina, e em julho de 2008 pedi demissão do trabalho para embarcar em um Cruzeiro Marítimo pela Europa fui trabalhar por seis meses no departamento de entretenimentos, na função de assistente do Diretor de Cruzeiros além de coordenar casamentos e algumas festas.
Durante meu tempo embarcada redigi um diário de bordo relatando minhas novas experiências, momentos, emoções, alegrias, surpresas e frustrações, que agora vou compartilhar neste blog.

Apesar de conquistar novos e preciosos amigos não é fácil morar em um navio, começando por manter sua residência no mesmo local onde se trabalha, junte ao fato de trabalhar todos os dias, sem sábados para relaxar, sem domingos de almoço com a família. Junte a isto ter que dividir uma cabine com menos de 20 m2 com alguém que você nunca viu na vida, muitas vezes de cultural e idioma completamente diferentes do seu.
É nem sempre os dias são felizes a bordo, nem sempre dormir na Itália e acordar na Grécia tem tanto “glamour” e sim, você sente muita saudade de casa, do feijão com arroz, da família, do namorado e dos amigos.

Mas a experiência valeu a pena, viajei por cidades da Croácia, Grécia, Turquia que jamais havia pensado em visitar antes e todos os sábados acordávamos com o navio atracado na bela, agitada e misteriosa cidade de Veneza.

Depois de apresentar uma lista de exames médicos e documentos passei uma semana decidindo o que deveria levar em uma mala grande e uma mala de bordo. A tarefa e decidir o que se precisa usar durante 6 meses é dolorosa, gastava horas por dia tirando e colocando itens de dentro das malas. Durante o processo seletivo e o de exames médicos meu roteiro ainda não havia sido informado e finalmente, 15 dias antes recebi um telefonema me avisando que eu deveria embarcar no dia 05 de julho em um navio que fazia cruzeiros pelo Mar Adriático, sempre saindo todos os sábados de Veneza na Itália. Apesar de animada com a experiência e não estava feliz e nos últimas semanas já não conseguia dormir uma noite inteira sem ser interrompida por pesadelos, pensamentos e medos.
Mas quem não se sentiria apreensivo, a vida seria muito diferente, meu apartamento ficaria sob os cuidados de uma amiga e do meu namorado, minha mãe já idosa e viúva ficaria longe e meu namoro, o que aconteceria conosco tão distantes por tanto tempo. Já não havia mais volta e quatro dias depois de uma despedida com um grupo pequeno de amigos em uma pizzaria lá estava eu no Aeroporto Internacional Tom Jobim acompanhada de uma amiga e sua mãe que generosamente me levaram ao aeroporto no meio da tarde de uma quinta-feira.

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