sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A importância de despertar o hábito de ler


*por Oswaldo Siciliano* - O Estado de São Paulo
Quando foi realizada pela primeira vez, em 1970, no Pavilhão do Ibirapuera, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo representava, ainda que com números tímidos, a consolidação de um antigo e audacioso sonho: o de provar que o Brasil era capaz de promover um evento literário de grande porte e mostrar ao público a produção editorial de nosso país.

Hoje, 38 anos depois, os grandiosos números da Bienal dão a exata medida da evolução do setor nesse período. A partir de hoje, na presença das principais personalidades do mundo cultural e político, será cortada a fita inaugural de sua 19ª edição. Nos 11 dias que se seguirem, cerca de 800 mil pessoas estão sendo aguardadas no Anhembi para participarem da maior festa do livro da América Latina.
Serão 310 horas de intensa atividade cultural, que colocarão o livro e a leitura em grande destaque junto aos mais diferentes públicos de nossa sociedade. Em mais de 57 mil metros quadrados, os 320 expositores do Brasil e de mais 12 países terão a oportunidade de apresentar seus lançamentos, expor os livros de seus catálogos e, principalmente, estreitar o contato com leitores de todas as idades.
Uma das vocações mais proeminentes da Bienal é o de despertar o hábito de ler. A cada edição um novo e fiel séquito de leitores se forma: são crianças, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais que, ao estabelecer contato - muitas vezes pela primeira vez - com o mundo dos livros, criam uma empatia imediata e duradoura com as palavras, transformando-se em agentes ativos da leitura.

Em seu inerente papel no processo de formação de novos leitores, a Bienal preparou mais cem horas de atividades gratuitas para as crianças, em um espaço próprio, com capacidade para receber 2.500 pessoas. Serão cerca de 180 mil estudantes das redes pública e privada de ensino do Estado de São Paulo na Visitação Escolar. Essas crianças não sairão "incólumes" do Anhembi. Levarão para as pessoas de seu convívio um livro ou, no mínimo, a experiência de terem se relacionado com o universo mágico da leitura.
Mas, para que esse estímulo não se perca, é necessário que os professores estejam preparados para renová-lo continuamente junto aos seus alunos e que os jovens que em breve ingressarão no mercado de trabalho tenham sempre em mente a importância do livro em sua vida profissional.

Dentro desse contexto, a Bienal preparou eventos específicos para esses dois públicos. O Fala, Professor! é um ciclo de palestras voltadas à educação continuada para docentes de 1º e 2º graus, abordando técnicas e materiais de apoio em sala de aula para otimizar o ensino das mais diversas disciplinas e o aperfeiçoamento da comunicação entre professores e alunos. Já o Espaço Universitário traz profissionais renomados das mais diversas áreas (direito, marketing, história, gastronomia, jornalismo, turismo, moda e muitos outros) para conversar com os jovens que querem saber mais sobre as profissões que poderão abraçar.
Como se pode observar, além de ser a grandiosa vitrine do mercado editorial brasileiro, com quase 2 milhões de livros expostos, a Bienal representa um importantíssimo acontecimento cultural, constituindo-se num importante espaço dedicado à reflexão e ao debate de idéias, característica muito apreciada por seus visitantes.

Prova disso é o expressivo quórum do Salão de Idéias, onde escritores nacionais e estrangeiros de grande prestígio conversam com os leitores, revelam seus processos de criação, respondem às perguntas do público e expressam seus pontos de vista sobre os mais variados assuntos. Nesta edição participarão cerca de 110 autores.
A Bienal cumpre também um papel relevante dentro da cadeia produtiva e econômica do País. Para a realização do evento estão sendo investidos R$ 18 milhões, numa operação que envolve 1.200 profissionais de forma direta e outros 10.700 indiretamente. Além disso, a repercussão pública do evento intensifica a venda de livros em todos os canais de comercialização. E para estimular ainda mais a compra de livros, uma das novidades desta edição é que o valor do ingresso poderá ser convertido em descontos na compra de livros em muitos estandes dentro da Bienal.

A evolução da Bienal de 1970 para cá dá a medida de como o livro ganhou importância dentro do contexto nacional. Ainda que o Brasil continue apresentando índices abaixo do desejado em relação à educação e cultura, é incontestável que nas últimas décadas obtivemos avanços significativos no setor. Hoje, graças a diversos tipos de iniciativa em prol do livro, entre elas a realização das Bienais, o livro está mais acessível e, gradativamente, está sendo disponibilizado para todas as camadas da população. Com mais leitores, a sociedade torna-se mais participativa, justa e ciente de seus direitos e deveres, itens essenciais na construção de um país melhor.


O hábito de ler transforma a tão temida redação em melhor amiga
Por Mariana Parisi

Que a leitura é fundamental todos sabem. É comum ver campanhas de incentivo a leitura por toda parte; em geral, de escolas, governo, ONGs e diversas empresas. Mas será que isso é suficiente?
Essas iniciativas são essenciais, porém a falta do hábito de leitura ainda assusta. Essa ausência é totalmente prejudicial a qualquer pessoa na fase escolar e profissional, ou seja, essa deficiência causará sérios problemas no dia-a-dia.
É possível perceber uma enorme carência de leitura nas redações dos vestibulares. O professor universitário Marcus Vinícius Knupp, que ministra aulas em cursinhos, diz sentir a dificuldade de seus alunos quando precisam redigir uma redação.
“Essa matéria é tradicionalmente desvinculada do ensino de Gramática e Interpretação de Textos e tem sido problemática nas escolas. E, pela sua importância na vida acadêmica do futuro universitário, a cobrança da redação no vestibular e seu alto peso dentre as provas, precisa ser melhor valorizada e ensinada nas escolas”, diz Knupp.
Segundo o professor, a redação é vista como a vilã do vestibular por exigir do candidato um conhecimento que, muitas vezes, não é construído nem na escola, nem durante a vida pessoal do aluno.
E ele atribui essa deficiência à falta de leitura. “Para escrever, é necessário, antes de tudo, ler. E não apenas o exigido nas aulas de Literatura. Mas adquirir o hábito de leitura na própria vida, já que os clássicos cobrados na escola não são de forma suficientes. Um professor de redação pode ensinar técnicas de argumentação, as formas de um texto, mas o fundo deve vir do próprio aluno, e só se consegue esse resultado adquirindo o hábito de leitura como parte da vida do candidato, incluindo a leitura de jornais e revistas”.
O importante é sempre passar para os alunos que a redação não é uma vilã, embora seja vista como tal, ela deve ser encarada como o primeiro teste sério que será necessário em toda a vida acadêmica e, também, na profissional.
“Independentemente da profissão que abrace, o futuro universitário logo vai descobrir que a redação continua na sua vida acadêmica. As provas discursivas, as redações técnicas, resumos, hand-outs de seminários, artigos fazem parte da rotina de estudos e, para serem escritos com prazer – e lógica –, devem vir do interior de cada um. Para escrever argumentos e defender uma opinião, é necessário, antes de tudo, formá-los”, orienta Knupp.
Diante dessa realidade, é possível perceber que as campanhas de incentivo à leitura são importantes, sim. Só que não bastam. O incentivo de pais e professores também é imprescindível.
“Como as redações dos vestibulares são, em geral, de caráter argumentativo, visando temas atuais, é necessário que as escolas incentivem a leitura diária, inclusive em sala de aula. Só com a leitura habitual e atualizações constantes a redação deixará de ser a malfadada vilã dos vestibulares e se tornará a mocinha, protagonista da vida acadêmica do futuro universitário”, conclui

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