Depois de uma semana cheia de compromissos e formalidades, algumas empresas optam por liberar o visual de seus colaboradores em um dia da semana (normalmente às sextas-feiras). Conhecida como “Casual Day”, essa prática surgiu no final da década de 70, nos Estados Unidos, com o objetivo de diminuir o nível de estresse, incentivar a descontração no ambiente de trabalho e otimizar a performance dos trabalhadores, dando a eles o direito de usarem, uma vez por semana, roupas mais confortáveis.
A intenção das empresas é boa, no entanto é necessário que haja uma conscientização de todos para que o ambiente de trabalho não fique desconfortável. É preciso que a organização, principalmente por meio da área de Recursos Humanos, faça uma campanha de conscientização junto aos profissionais. E que os colaboradores saibam se vestir com coerência, sem esquecer que mesmo nos dias menos formais a postura profissional deve ser mantida.
De acordo com Elisabeth Farina, o casual day deixa o ambiente mais leve, tornando o final da semana menos estressante. “A importância do casual day é a liberdade que os funcionários têm de escolher uma roupa mais confortável e leve para trabalhar naquele dia. É o momento de deixar de lado trajes mais formais, como terno, paletó, gravata, tailleur, sapatos clássicos e de salto”, diz. “Acredito que essa prática torna o ambiente de trabalho mais descontraído e fortalece a integração das pessoas. Não importa a função ou cargo que exerça, para surtir o efeito desejado o Casual Day deve ser adotada por todos na empresa”.
Para Ilana Berenholc, consultora de imagem, as vantagens vão além da descontração no ambiente de trabalho, e são bastante favoráveis, principalmente no Brasil. “Esse tipo de ação, torna a imagem de alguns profissionais mais coerentes com áreas de atuação informais ou criativas. Além disso, um visual mais informal projeta maior acessibilidade, e, consequentemente, estimula os relacionamentos”, complementa Ilana. “No Brasil, o casual Day é ainda mais adequado, devido ao clima; principalmente no verão e em locais muito quentes”.
É importante destacar que a prática pode não ser adequada em algumas empresas, principalmente quando existe um contato direto com o público ou uma cobrança maior de formalidade. “Em áreas de atuação mais formais, em que seja importante projetar uma imagem de maior austeridade, como bancos e escritórios de advocacia, por exemplo, o traje casual não é adequado”, explica Ilana.
Segundo Luciana Amaro, gerente de RH da BASF, empresa química líder mundial, diversos fatores devem ser considerados antes das empresas adotarem essa prática. “Atualmente, essa é uma prática extremamente disseminada e que tem cada vez mais adeptos no mercado. Contudo, deve ser observada a cultura da empresa, o tipo de clientes que atende, entre outros, para definir se o casual day é adequado ou não para essa realidade”, afirma.
Grande parte das empresas já adota o Casual Day, no entanto um dia agradável pode se tornar um grande problema para a organização que não souber orientar seus funcionários, ou que não definir alguns limites para os mais liberais. O visual do profissional influencia na imagem da empresa no mercado, e essa marca deve ser zelada. “Dar o parâmetro do que pode e do que não pode ser usado no Casual Day é fundamental para evitar abusos que possam gerar tensão ao invés de descontração”, orienta Elisabeth.
Os colaboradores, por sua vez, também devem tomar algumas precauções quanto aos trajes utilizados. O profissional que não tiver bom senso na escolha da vestimenta pode sofrer grandes prejuízos em sua carreira. “Deve ser entendido que roupa confortável ou descontraída não é a mesma coisa que desleixada. Casual Day não quer dizer usar roupa para ir à balada, churrasco, à praia ou ficar em casa. São roupas mais informais, porém continuam sendo roupa de trabalho”, diz Elisabeth. “Uma das maneiras do funcionário transmitir profissionalismo, competência e elegância é a maneira como ele se veste. É fundamental que ele tenha bom senso e harmonia na apresentação pessoal para não comprometer sua própria imagem e a da empresa”, ensina Elisabeth.
Luciana acredita que os mais novos também devem aderir à prática da empresa, no entanto é melhor se informar para não cometer nenhuma gafe. “Sempre deve ser utilizado o bom senso. Se você entrou em uma nova empresa, siga o exemplo, veja de que forma a maioria das pessoas se veste no casual day e isso lhe dará uma boa dica do que é mais adequado ou comum naquela determinada cultura”.
Ilana dá algumas dicas do que deve ser utilizado no casual day para evitar constrangimentos, ou problemas tanto para empresa como para o profissional:
TRAJES MULHERES
Blusas informais e arrumadas, usadas com jeans escuro ou calças de sarja.
Vestidos, porém não frente-única, tomara-que-caia ou mini.
Blazers de sarja, casaquinhos, jaquetas ou tricôs.
Sapatilhas, sandálias, botas, peep-toes de couro ou camurça.
Acessórios maiores.
TRAJES HOMENS
Camisas esportivas, de manga longa ou curta (em corte “slim”). A presença do colarinho sempre projeta mais profissionalismo.
Calças de veludo, sarja grossa ou jeans.
Blazers de veludo ou sarja. Jaquetas de lã ou tecido. Malhas com ou sem textura.
Mocassins, sapatos de amarrar e botas de couro, camurça e nobuck, solados de borracha.
Relógios esportivos.
Apareceu um compromisso: E agora?
O bom profissional é um profissional prevenido. Portanto, mesmo em dias de descontração é importante que tenha sempre uma roupa ou um acessório que deixe o visual mais sério, se necessário. Reuniões, eventos ou a visita de um cliente; todas essas situações podem ocorrer em dias de casual day e você deve estar preparado.
Para Elisabeth, uma apresentação pessoal adequada passa uma imagem de confiança, dá credibilidade a empresa e ao profissional. “É importante estar preparado para eventuais compromissos de última hora. Se surgir uma reunião ou uma visita inesperada tenha sempre no escritório uma peça mais formal como um blazer ou uma gravata que ajude a compor um traje executivo masculino ou uma echarpe, bijuteria mais fina que ajude a complementar o visual executivo feminino”, sugere. “Quando não estiver com uma roupa adequada ao compromisso e tiver de visitar uma empresa, por exemplo, outra alternativa é explicar a situação, garantindo que você conhece a importância da apresentação pessoal e respeita os valores daquela empresa.
O fundamental é que haja uma boa comunicação entre empresa e funcionário para que não ocorra nenhum desconforto para ambos. “As empresas devem definir e, sobretudo, orientar os funcionários por meio de comunicação interna: email, treinamento, intranet, impressos ou murais e os colaboradores, por sua vez, devem ter moderação e evitar exageros. Há um limite do que é considerado casual e do que é inapropriado para o ambiente de trabalho”, explica Elizabeth.